Max Günther fala sobre vitória com a DS Penske e elogia Pit Boost e Taylor Barnard
- Sonia Cury
- 24 de mar.
- 7 min de leitura
Atualizado: 24 de mar.
De casa nova, Maximilian Günther conquistou a sua primeira vitória pela DS Penske e falou sobre a boa fase, o retorno do pit stop na Fórmula E e rasgou elogios para Taylor Barnard

Vencedor da rodada 3 do E-Prix de Jeddah, Maximilian Günther conversou com o Entre Fórmulas para falar sobre o bom resultado obtido na Arábia Saudita, a adição do Pit Boost e como isso altera a dinâmica das corridas, a longa pausa até o E-Prix de Miami e o começo incrível de temporada que o novato Taylor Barnard vem apresentando.
Ocupando a quarta colocação no campeonato de pilotos, Max Günther obteve a primeira vitória para a DS Penske na temporada, um resultado muito importante para o alemão que quer muito provar para o chefe de equipe de Jay Penske, que escolhê-lo no lugar do campeão da oitava temporada, Stoffel Vandoorne, foi uma boa decisão.
Apesar da boa relação entre a Maserati e a DS Penske, por ambas serem da Stellantis, a Penske é uma equipe que possui um orçamento maior e quando a chance de defender a equipe norte-americana surgiu, Günther agarrou o desafio sabendo que estaria ao lado do único bicampeão da Fórmula E, o francês Jean-Éric Vergne e que era esperado que ele desempenhasse bem ao lado do JEV para a equipe conseguir melhores resultados.
A vitória em Jeddah veio no momento certo e deixou uma mensagem clara para todos da equipe: ele está pronto para brigar pelo topo.
Durante a corrida, Max chegou a perder a liderança devido a parada do pit boost, mas uma boa pilotagem alinhada com a estratégia certeira da equipe, possibilitou que escalasse o pelotão até retornar ao P1.
"Para ser sincero, depois do pit stop, quando caí para a P9, não achei que a vitória ainda fosse possível. A partir dali, meu foco era apenas continuar fazendo o meu trabalho. Eu sabia que tinha uma vantagem em termos de energia em relação aos demais, pois eles consumiram muito mais durante a fase de pit stop do que nós", contou.
Maximilian revelou que a partir do momento que ele caiu para P9, a estratégia da equipe foi aproveitar o máximo possível do Modo Ataque para recuperar posições e ir avançando aos poucos. O plano foi dando certo e apesar de estar inseguro sobre a possibilidade de pódio, quanto mais ele avançava, mais ele ia recuperando a confiança de que poderiam vencer.
"Eu fiquei extremamente feliz e orgulhoso. Foi a minha primeira vitória com a DS Penske e isso é ótimo para o começo de temporada. Não tivemos sorte em São Paulo, melhoramos no México, mas eu sabia que a gente podia mais. Em Jeddah foi perfeito com pole, volta rápida e vitória", disse.
Questionado sobre o Pit Boost e como isso muda não somente a dinâmica das corridas, mas também sobre como os pilotos precisam se atentar a mais coisas durante a pilotagem, Max afirmou ter gostado da novidade e que isso indica a evolução da Fórmula E.
"É um avanço da Fórmula E no aspecto técnico. Além de trazer um novo elemento para as corridas, tem diversas coisas que precisamos nos atentar. A questão de entrar e sair do pit lane durante o pit stop, tem diversos sistemas que precisam operar de uma forma específica durante o procedimento e a performance (do carro) aumentou, porque obtemos um ganho com as recargas. A saída do pit lane às vezes pode ser bem apertada, como foi em Jeddah com muitos carros fazendo a parada ao mesmo tempo. Temos que ter muitas coisas em mente. Mas como time o mais importante é estarmos alinhados com as nossas estratégias e como devemos agir depois do pit stop", explicou.

Max durante a entrevista com o Entre Fórmulas (reprodução: Formula E/Entre Fórmulas)
Inclusive, o pós pit stop é um dos momentos mais cruciais na corrida, porque o piloto perde um pouco de noção do todo, justamente, porque está retornando após uma parada e é necessário rapidamente se atentar com quem vai disputar posição e o quanto é possível avançar em um determinado número de voltas para se atingir um objetivo preestabelecido.
"Preciso dizer que eu gostei muito da experiência, deu uma agitada nas coisas e uma foi uma ótima adição. Definitivamente, teremos corridas diferentes ao longo da temporada", disse.
Ainda no campo das novidades, a tração nas quatro rodas foi um outro tópico da conversa, porque como só pode ser utilizada na classificação e durante o Modo Ataque, a potência extra voltou a ter sentido nas corridas.
A Fórmula E foi muito criticada nessa parte em relação ao Gen3, porque com carros mais potentes, o Modo Ataque não estava fazendo diferença alguma nas disputas e muitas vezes os pilotos perdiam uma vantagem importante para fazer a ativação. Por isso, a utilização da tração nesse momento se mostrou efetivo, trazendo de volta a sensação que se tinha no Gen2.
Günther comentou do quão positivo isso é, mas mostrou-se um pouco preocupado em relação a ter o Modo Ataque e o Pit Boost em situações de corridas mais caóticas.
"Com a tração, o carro desempenha melhor, porque você realmente aproveita a potência extra e é uma ferramenta importantíssima de estratégia. Contudo, pensando na questão do Pit Boost. Se a corrida flui de maneira limpa, sem bandeira amarela ou safety car, eu acho que é fantástico. É uma ferramenta de estratégia que te permite pensar quando usar e como usar. Porém, se torna um pouco complicado e acredito que veremos mais situações assim ao longo do ano, quando a janela para o pit stop está aberta e ocorre uma bandeira amarela ou safety car, porque você não poderá fazer uma parada durante esse momento. O mesmo vale para os casos onde tivermos um safety car mais tarde na corrida como ocorreu no México, porque aí se torna um fator de sorte se você poderá usar o seu Modo Ataque ou não e isso acaba tendo um impacto grande na corrida", disse.
Contudo, o piloto enxerga todas as mudanças como algo positivo. Houveram diversas reuniões e testes para que tudo pudesse ser introduzido da melhor forma, com o pit stop sendo uma opção em corridas específicas, justamente, para que ajustes sejam realizados com o tempo e de acordo com o feedback das equipes e os pilotos.
"A beleza do nosso esporte é que ele é imprevisível e isso não deve mudar. Mas são ferramentas poderosas que podem realmente fazer a diferença em uma corrida. A Fórmula E está atenta a isso e trabalhando próxima das equipes para ir ajustando o que for necessário. Mas num panorama geral, as mudanças foram muito positivas e os carros estão muito mais satisfatórios de se pilotar", disse.

Max aguardando liberação no box da DS Penske no E-Prix de Jeddah (foto: Formula E)
Não foi somente novidades tecnológicas que aconteceram na 11ª temporada da Fórmula E, a entrada de pilotos novatos na categoria como Zane Maloney e David Beckmann também trouxeram uma renovação, mas o nome mais impactante vem sendo o de Taylor Barnard.
Apesar de ter feito a sua estreia na temporada passada pela McLaren ao substituir Sam Bird (que se lesionou) nas etapas de Mônaco e Berlim - e ter se destacado pelos bons resultados obtidos -, Barnard vem conquistando todo mundo pelo talento e carisma. Com três pódios em quatro corridas, Taylor está acumulando recordes atrás de recordes, sendo o piloto mais jovem da Fórmula E a pontuar, a pegar pódio, a fazer volta rápida, a conquistar a pole. Agora, só falta uma vitória para que ele quebre o último recorde que resta como o piloto mais novo do grid, uma marca que até o momento é de Max Günther, que venceu a sua primeira corrida na categoria elétrica quando tinha 22 anos em 2020.
Assim como todos do grid, Max tem um grande carinho por Taylor, que parece ter sido acolhido por todos os outros pilotos do grid, que constantemente estão ao redor dele dando dicas, cuidando e brincando como se ele fosse o irmão mais novo de todo mundo. Inclusive, Max acredita firmemente que Barnard quebrará o seu recorde como o piloto mais jovem a vencer, uma vez que Taylor tem apenas 20 anos e é totalmente possível que ele vença antes dos 22.
"Tenho que dizer que sou um grande admirador do Taylor. O que ele está fazendo é realmente impressionante. Ele é muito jovem, mas já demonstra uma incrível maturidade e seu estilo de pilotagem é muito sólido. Claro que ele conta com uma equipe forte ao seu lado, o que é sempre fundamental para um novato em um campeonato tão competitivo. Sem dúvidas ter estrutura faz diferença, mas suas performances e evolução têm sido excepcionais. Tenho plena confiança de que, em breve, o Taylor será o piloto mais jovem a vencer uma corrida na Fórmula E e sendo muito sincero, ele merece. Estou muito feliz por ele e pelos resultados que tem alcançado", afirmou.
Na reta final da conversa, Max falou sobre a longa pausa de 1 mês e meio da Fórmula E, que até realizou um evento com celebridades dentro desse período para suprir a lacuna até o E-Prix de Miami, que acontece em abril.
O motivo do "buraco" no calendário foi o cancelamento do E-Prix da Tailândia, um desejo de longa data que não foi concretizado e a categoria não conseguiu encaixar outro lugar a tempo. Com a pausa, Günther falou sobre como esse período é usado pelas equipes.
"Normalmente, nos preparamos antes da temporada e, depois, tudo se resume à execução ao longo do campeonato. Com essa pausa, a dinâmica muda um pouco. Nesse tempo dá para focar em aprimorar o carro, testar ajustes no simulador e até realizar alguns testes de pista. É uma grande oportunidade para todas as equipes e pilotos evoluírem o que for possível e precisamos aproveitar ao máximo, porque a competição de fato nunca para. O importante é manter o ritmo fisicamente e mentalmente também, porque não dá para voltar com a sensação de começo de campeonato, ainda mais porque estamos nos encaminhando em breve para a metade do calendário", explicou.
Com um total de 37 pontos, Maximilian Günther está em quarto lugar na competição e vem se mostrando um piloto cada vez mais sólido. Se conseguir se manter na briga pelo pódio, o alemão tem chances de brigar pelo título na temporada. Da Costa (Porsche), Barnard (McLaren) e Rowland (Nissan), estão na frente de Günther e ocupam a terceira, segunda e primeira colocação, respectivamente.
A Fórmula E retorna no dia 12 de abril para a sua etapa nos Estados Unidos em um lugar novo. Depois de passar por Long Beach, Nova York e Portland, a categoria elétrica vai para Miami correr na Homestead-Miami Speedway em uma rodada única.
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