Saiba como foi o segundo dia da pré-temporada da Fórmula E em Valência
Vitória de Jake Hughes, recorde de Max Günther, desempenho do Gen3 e pneus Hankook foram os principais destaques do segundo dia da pré-temporada da Fórmula E
A Fórmula E entrou no seu segundo dia de testes em Valência, diante de um céu limpo e com o sol brilhando. O cronograma fixado nos boxes e também disponibilizado para os jornalistas com acesso a área de imprensa do site da categoria, destacava que seria feito uma simulação de um final de semana de E-Prix.
Durante a classificação, Max Günther fez o tempo de volta mais rápida da Fórmula E na pista de Valência, batendo o recorde que anteriormente pertencia a Edoardo Mortara.
Apesar de alguns carros apresentarem alguns problemas técnicos durante a corrida, que foram resolvidos posteriormente, Jake Hughes, piloto da McLaren, cruzou a linha de chegada em primeiro lugar.
Além da ação dentro de pista, jornalistas no paddock debatiam entre si sobre os carros do Gen3 ainda não estarem superiores ao Gen2 em termos de velocidade e muito disso foi atribuído aos pneus mais robustos da Hankook, entretanto, os representantes da marca sul-coreana, assim como os pilotos e chefes de equipe, declararam que conforme eles forem competindo, se adaptando e desenvolvendo o Gen 3, a performance deve melhorar.
Engenheiros da ABT nos boxes verificando o carro de Nico Müller (foto: ABT Sportsline)
SIMULAÇÃO DE CORRIDA
O dia começou com um breve briefing e em seguida os pilotos tiveram 30 minutos de treino livre, onde puderam fazer voltas lançadas e simular largada.
Um pouco antes dos pilotos entrarem em pista, foi informado que a troca de carro entre os pilotos da DS Penske, que estava programada para acontecer, havia sido cancelada. O que fez sentido, uma vez que os pilotos iriam simular uma situação de corrida e não teria lógica colocar o Stoffel para dirigir o carro do Vergne e vice-versa nessas condições.
Em questão de tempos de destaque durante a simulação de treino, Jake Hughes conseguiu o tempo de 1m26s744, que depois foi batido por Mitch Evans com uma volta de 1m26s628.
Entretanto, Maximilian Günther, piloto da Maserati que vem sendo um dos principais destaques dos testes, conseguiu fazer o melhor tempo entre todos do treino com a marca de 1m26s178.
Depois de uma breve pausa para recarregarem os carros, as equipes voltaram para a pista para dar início a classificação, entretanto, o piloto René Rast, escapou da pista na curva 13 - próximo a entrada do pit lane - e com isso foi dada a bandeira vermelha.
Todos os pilotos retornaram para os boxes e aguardaram por atualizações. O carro de Rast ficou travado na chicane, porém, não foi necessário a entrada de um trator, porque ele conseguiu sair de lá sozinho depois de algumas tentativas e voltou dirigindo para o box da McLaren.
Com a pista liberada, as atividades referentes a classificação tiveram início.
Para otimizar o tempo, ao invés de dividirem os pilotos em Grupo A e Grupo B, como normalmente é feito, os 22 carros entraram na pista e fizeram as suas voltas rápidas. Com as posições definidas, os duelos ocorreram com todos os pilotos do grid, começando do fundo do pelotão para frente. Deste modo, o P22 duelou com o P21, o P20 duelou com o P19 e assim por diante.
Vale destacar os oito melhores tempos antes dos duelos começarem, já que os dois carros da NIO e os dois carros da Nissan conseguiram bons tempos e ficaram próximos das equipes que são consideradas mais fortes como DS Penske, Maserati e Jaguar.
Confira abaixo como ficou a colocação dos pilotos antes dos duelos:
Max Günther e Stoffel Vandoorne, que ficaram em P1 e P2, respectivamente, tiveram um tempo a mais para duelar na pista e fizeram um melhor de três com Günther vencendo o duelo em duas oportunidades.
Durante a segunda disputa, Max fez um tempo de 1m25s339 contra os 1m26s053 de Vandoorne, vencendo o duelo, mas também quebrando o recorde de tempo da Fórmula E no circuito de Valência, que anteriormente pertencia a Edoardo Mortara, que no ano de 2021 tinha feito o tempo de 1m25s763.
Com o encerramento da classificação, a terceira sessão de testes foi encerrada e os trabalhos matutinos foram interrompidos para a hora do almoço. Em seguida, ocorreu uma coletiva de imprensa e depois as equipes voltaram para a pista.
Na parte vespertina dos testes, a quarta sessão foi dividida em duas partes, sendo a primeira a simulação de uma corrida de 24 voltas e a segunda parte dedicada a testes mais específicos para coleta de dados, verificação de performance do powertrain, frenagem e etc. Era de suma importância essa segunda parte mais técnica, já que no primeiro dia da pré-temporada, a forte chuva que caiu em Valência acabou atrapalhando a tarefa de coleta de dados.
Durante a simulação de corrida, logo no começo os dois carros da NIO tiveram problemas técnicos.
Sérgio Sette Câmara não conseguiu largar e foi empurrado de volta para a garagem. No caso de Dan Ticktum, ele chegou a dar três voltas no circuito, mas o carro começou a ficar lento e ele retornou para os boxes.
Sébastien Buemi, piloto da Envision, também teve algum problema na largada, que não foi esclarecido pela equipe. Ele regressou aos boxes e rapidamente retornou para a pista ficando com uma volta de atraso em relação aos demais.
René Rast, da McLaren, começou liderando sendo seguido de perto por seu companheiro de equipe Jake Hughes. Atrás deles vinham: Vergne, Günther, Wehrlein, Mortara, Da Costa, Vandoorne, Di Grassi e Nato.
Mesmo sendo uma simulação, Pascal Wehrlein acabou dando o azar do safety car entrar em pista logo depois de ele ter ativado o Modo Ataque, com isso, ele teve que reduzir a velocidade e acabou quase não usufruindo da potência extra. Depois que o safety car deixou a pista, os pilotos aproveitaram para ativar o Modo Ataque antes da simulação do Full Course Yellow, que também faria com que tivessem que reduzir a velocidade.
A corrida teve uma volta extra adicionada, totalizando 25 voltas, devido a entrada do safety car.
Nick Cassidy e Robin Frijns voltaram para os boxes após completarem mais da metade das voltas estipuladas. Os pilotos se juntaram as suas equipes e acompanharam os instantes finais no pit wall, lugar onde Ticktum e Sette Câmara também prestigiavam a corrida.
Jake Hughes assumiu a liderança e conseguiu abrir 1 segundo de vantagem sobre René Rast, que vinha sendo perseguido ferozmente por Max Günther - que por sua vez se encotrava a apenas 0,5 segundos de distância. Eventualmente, Max acabou ultrapassando o piloto da McLaren para assumir a vice-liderança da corrida, contudo, ele não conseguiu alcançar Hughes, que venceu a corrida com um tempo de 1m26s364.
Entre a última volta e a volta extra, Norman Nato, Sacha Fenestraz, Andre Lotterer e Sam Bird retornaram para os boxes, não se sabe qual foi o problema, ou se até mesmo a equipe simplesmente solicitou que voltassem ao término das voltas regulares.
Melhores tempos por setor:
Setor 1 - Günther (29.032)
Setor 2 - Hughes (30.828)
Setor 3 - Bird (24.032)
Confira abaixo como ficou o resultado da simulação de corrida:
Ao término da corrida, as equipes ainda tinham um bom tempo disponível para ficar na pista. Os carros passaram por pesagem nos boxes da FIA e foram recarregados para prosseguirem com as atividades do dia, onde se dedicaram a coleta de dados. Inclusive, alguns pilotos, mesmo que até tenham entrado na pista, não fizeram volta computando tempo, deixando isso para os últimos minutos da quarta sessão.
Segue abaixo como ficou o resultado, embora, os tempos obtidos não sejam a coisa mais importante, já que os pilotos estavam focando em questões específicas do carro e não somente velocidade.
Confira:
PNEUS HANKOOK E VELOCIDADE DO GEN3
Chamado de Hankook iON, os pneus da Hankook precisam atender as necessidades de todas as pessoas:
Para o público, tem que ser a prova de uma nova tecnologia.
Para a Fórmula E, os pneus devem estar alinhados com a sustentabilidade do campeonato.
Para as equipes, devem oferecer um nível aceitável de desempenho.
Acrescente a isso ao desafio de ter que fazer os pneus funcionarem em todas as condições climáticas possíveis, o que torna um equilíbrio bastante delicado de ser alcançado.
Entretanto, a Hankook entregou o melhor que conseguiu desenvolver dentro das inúmeras exigências que lhes foram impostas.
Durante a conferência de imprensa com os representantes da marca sul-coreana, chefes de equipe e pilotos, na qual o Entre Fórmulas acompanhou, foi possível compreender um pouco mais sobre como o composto do pneu funciona.
O composto é quase dividido ao meio; a parte externa do pneu é mais rígida, enquanto a interna é mais macia, o que significa que o pneu responderá a diferentes condições de curvas - sejam elas mais fechadas ou mais inclinadas - de maneira diferente.
“Há uma sutileza quando digo isso dos pneus, porque quando você descreve compostos, uma palavra não é suficiente. Pode ser que o comportamento do pneu seja mais rígido em linha reta e quando você pisa no freio, do que em comparação com quando você se inclina em uma curva longa”, comentou Phil Charles, diretor técnico da Jaguar.
Antonio Félix da Costa e Edoardo Mortara na conferência de imprensa (reprodução: FIA Formula E)
Depois de anos com a Michelin, os pilotos entendem que agora é como recomeçar do zero, já que não há parâmetros, não há nada que possa ser comparado pelo fato de ser um pneu completamente novo.
“Com os pneus da Michelin também foi um processo e levou um tempo para que a gente entendesse como dominá-los. Sempre digo ao meu cara dos pneus na equipe que ele tem o trabalho mais difícil de todos, porque entender como os pneus funcionam é uma das coisas mais complicadas”, disse o piloto Antonio Félix da Costa, que corre pela Porsche. “Estamos passando por esse mesmo processo com a Hankook agora e ainda há muito para se descobrir.”
Embora os fabricantes estejam testando o Gen3 desde o final de junho, o seu funcionamento foi comprometido na época por problemas relacionados à bateria fornecida pela Williams Advanced Engineering. Além disso, a versão final do pneu Hankook só foi confirmada pela FIA em outubro, depois que vários outros compostos foram testados.
Mesmo que todos tenham uma sensação de que se esperava mais e muito se debata no paddock sobre o que pode ser feito, a lição que fica é que tudo na vida é um processo.
O Gen3 está apenas no começo e há muito a ser explorado e refinado, já foi comprovado o quão mais veloz o carro da nova geração é em relação ao seu antecessor.
Agora, as equipes trabalham para encontrar uma forma de alinhar essa potência com a melhor forma de administrar os pneus e as respostas para isso só vão ficar mais claras conforme a temporada for avançando.
“Talvez alguns de nós esperássemos uma diferença maior nos tempos em pista, mas acho que isso provavelmente acontecerá conforme a gente for explorando melhor o carro. Tivemos quatro temporadas para extrair o melhor do Gen2, enquanto o Gen3 está apenas começando. Não é justo fazer comparações agora, quando ainda mal tivemos a chance de descobrir tudo o que podemos fazer”, finalizou Edoardo Mortara.
Nesta quinta-feira (15), estão programadas diversas reuniões da FIA, algumas serão realizadas somente com os diretores da organização e outras contarão com a presença dos pilotos e membros das equipes.
Além disso, ocorrerá o treinamento do time operacional da categoria e o Media Day, onde os pilotos irão gravar vídeos e tirar as fotos oficiais que são usadas no site da Fórmula E, no tema de abertura e nas transmissões.
O terceiro e último dia da pré-temporada está agendado para acontecer na sexta-feira (16).
Comments